Hospitais de Salvador começam a receber os primeiros rendidos ao inimigo viral
Lais Vita | Redação CORREIO
“Superman ficou fraco, o Pinguim jogou criptonita”. É assim que boa parte dos super-heróis da folia se sente na semana seguinte ao Carnaval. Depois dos quilômetros percorridos pelos circuitos, a febre, tosse, dores na cabeça e articulações geralmente dominam a Liga da Justiça carnavalesca, que este ano combate a gripe Criptonita.
Nos dias que seguem a festa, os resultados do combate já podem ser conferidos nas emergências dos hospitais, que começam a receber os primeiros rendidos ao inimigo viral. É o caso do vendedor João Oliveira, 39 anos, que lamenta o único dia em que foi curtir a pipoca da Barra.
“Dificilmente fico gripado. Todo ano viajo no Carnaval. Dessa vez inventei de ir pra rua…”, reclama ele, enquanto amarga a terceira hora de espera no posto de saúde do bairro de Pernambués. “Fui trabalhar hoje, não consegui e vim pra cá. Dói tudo, não tô aguentando mais”, diz.
Diferentemente de João, que pouco conhece o inimigo com que está lidando, Luana Mota, 28 anos, já está acostumada com a rotina pós-festa. Dessa vez, os primeiros sinais foram reconhecidos já na Quarta-Feira de Cinzas.
“Todo ano é assim. Sempre fico gripada por causa do Carnaval”, conta, lembrando que agora ela ainda contagiou um primo, que mora na casa ao lado, no Rio Vermelho. Mas não são somente os que não resistem à festa que sofrem com os efeitos devastadores do inimigo do Superman.
Henrique foi derrubado por fogo amigo: foi a mulher que o contagiou
Depois de pular cinco dias de Carnaval, Cíntia Santos, 23 anos, não imaginava que iria levar a Criptonita diretamente do Campo Grande para dentro de casa. Dois dias depois da festa, ela, o marido e os dois filhos, de apenas nove meses e 2 anos, começaram a identificar os primeiros sintomas. “Já tá todo mundo começando a tossir”, afirma o marido, Carlos Henrique Cerqueira. “Lá na rua, quando alguém espirra, gritam logo: é a Criptonita”.
Combate
Como todo inimigo, que, quando identificado, pode ser combatido, a Criptonita tem remédio. E ele não precisa ser uma pílula, xarope ou comprimido. Segundo o infectologista Adriano Oliveira, a melhor coisa é descansar e hidratar-se bem. “Na dúvida sobre a quantidade de líquido que deve ser ingerida, basta verificar a situação da urina. Se ela estiver clara, frequente e abundante, então a pessoa está bem hidratada”, explica.
Medicamentos para o controle dos sintomas, como dor de cabeça, febre e dor no corpo podem ser utilizados, mas, sem exageros. “É preciso ser tolerante com o mal-estar. As pessoas correm atrás de remédios, sendo que, muitas vezes, o incômodo gerado pela doença pode ser suportado”, esclarece o médico, lembrando que o uso excessivo dessas substâncias acaba “mascarando” os efeitos da doença, sem curá-la.
Ela pula todo Carnaval
2011 – Criptonita
Até os super-heróis mais resistentes estão começando a se render
2010 – Rebolation
No ano do Parangolé, os foliões tiveram que rebolar pra conseguir driblar o espirration
2009 – Dalila
Quem buscou Dalila voltou pra casa com gripe. Hospitais registraram aumento de 100%
Multidão, estresse e beijos
Para o infectologista Adriano Oliveira, o contexto do Carnaval por si só favorece inúmeras epidemias. “As viroses respiratórias são transmitidas com extrema facilidade em aglomerados e situações anormais para o corpo, como o sol forte e o estresse físico a que são submetidos no Carnaval”, explica.
O beijo, tão comum quanto a latinha de cerveja na festa, também pode ser um grande aliado à transmissão da Criptonita. “Quando o contato não é só respiratório, o vírus é passado ainda mais rapidamente”, afirma Oliveira.
Entre as doenças mais comuns após o período de Carnaval estão aquelas que provocam a diarreia, ocasionadas geralmente por rotavírus, norovírus ou adenovírus, altamente contagiosos. “Nesse caso, o melhor a se fazer é lavar as mãos compulsivamente, pra não contaminar mais gente”, esclarece.
A gripe e o resfriado também devem ser encarados e combatidos como duas doenças distintas. “Os sintomas da gripe são bem mais intensos e podem ser confundidos com a dengue”, explica o infectologista.
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